quarta-feira, 7 de julho de 2010

Desperdício de lixo reciclável

Lixo reciclável: 35% do material coletado é perdido

  • 24 de junho de 2010 |
JORNAL DA TARDE
Cristiane Bomfim
Três vezes por semana, a dona de casa Beatriz Ferraz, de 55 anos, separa o lixo reciclável da família e leva para um posto de entrega voluntária de uma empresa privada. Moradora da Rua Girassol, na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, ela conta que há um mês a coleta seletiva da Prefeitura não passa no local. “Mesmo quando passava eu não confiava no serviço. A coleta é desorganizada, o lixo é amassado no caminhão e eu não tinha garantia de que seria tratado da forma correta”, diz.
A suspeita da dona de casa é confirmada por especialistas e pessoas que trabalham na separação do material. Segundo eles, um terço das 120 toneladas de lixo reciclável que a Prefeitura diz recolher diariamente é desperdiçado. Em dinheiro, essa quantidade representa mensalmente cerca de R$ 250 mil ou R$ 3 milhões ao ano, segundo cálculos do presidente do Instituto Brasil Ambiente e autor do livro Os bilhões perdidos no lixo, Sabetai Calderoni. As contas levam em consideração o preços vigentes para a venda destes materiais para empresas recicladoras.
O desperdício ocorre porque as garrafas PET, o papel, as embalagens plásticas e longa vida e o vidro separadas pelos moradores são colocados em caminhões compactadores, que prensam o conteúdo. “Este caminhão não deveria ser usado. A perda é grande porque o lixo vira uma paçoca e não tem como recuperar. O material suja, quebra, fica prensado”, diz a coordenadora de ambiente urbano do Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais (Polis), Elizabeth Grimberg. Segundo levantamento do instituto, por dia, uma média de 42 toneladas de lixo que chegam às 18 cooperativas conveniadas com a Prefeitura para serem separadas e enviadas à empresas recicladoras não podem ser aproveitados. O ideal para fazer a coleta do material, segundo Elizabeth, são os caminhões gaiola (que tem a caçamba ampliada com armações de ferro), onde o material é transportado sem ser amassado.
“A cidade está pagando caro por aterros, quando boa parte do lixo poderia ser reaproveitada”, diz Calderoni. Por mês, a Prefeitura paga R$ 48 milhões às concessionárias Ecourbis e Loga. Elas respondem pela coleta, transporte e destinação do lixo. O valor inclui gastos com dois aterros. A coleta seletiva representa 1,2% do lixo domiciliar produzido na cidade por dia, que é de 10 mil toneladas.



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Nas cooperativas, o lixo que chega nos caminhões compactadores leva muito mais tempo para ser separado. Segundo Luzia Maria Honorato, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), em média, um cooperado consegue fazer a separação de três toneladas de lixo por mês. “A quantidade poderia ser maior se o material não fosse compacto.” Sabetai diz que o ideal a ser triado em um mês é 10 toneladas.
A Loga e a Ecourbis afirmaram, por nota, que a utilização dos caminhões compactadores são exigidos no contrato com a Prefeitura. A capacidade deles é de 15 toneladas, mas no caso da coleta seletiva, a capacidade de carga foi limitada para até 3,5 toneladas.
Além do desperdício, a cidade enfrenta ainda problemas no serviço de coleta seletiva, que se agravou desde maio. Sem o serviço, o lixo que poderia ser reciclado vai para aterros. Os especialistas criticam a Prefeitura. “A cidade possui 18 cooperativas com 1.000 trabalhadores. É pouco”, afirma Jutta Gutberlet, pesquisadora e coordenadora do projeto Brasil-Canadá para reciclagem.

Garrafas PET, papel, embalagens plásticas e vidro são retirados das ruas e colocados em caminhões compactadores, que prensam o conteúdo, inutilizando boa parte do material reciclável

Um terço das 120 toneladas de lixo reciclável que a Prefeitura de São Paulo diz recolher em 74 dos 96 distritos diariamente é desperdiçado. Essa quantidade representa cerca de R$ 250 mil por mês e mais de R$ 3 milhões por ano.

O cálculo é do presidente do Instituto Brasil Ambiente e autor do livro "Os bilhões perdidos no lixo", Sabetai Calderoni. A conta leva em consideração os preços na venda dos materiais para empresas recicladoras.

O desperdício ocorre porque as garrafas PET, o papel, as embalagens plásticas e longa vida e o vidro são retirados das ruas e colocados em caminhões compactadores, que prensam o conteúdo. "Esse tipo de caminhão não deveria ser usado. A perda é grande porque o lixo vira uma paçoca e não tem como recuperar.
O material suja, quebra, fica prensado", afirma a coordenadora de ambiente urbano do Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais (Polis), Elizabeth Grimberg. Por dia, não são aproveitadas 42 toneladas de lixo. O ideal para fazer a coleta do material, segundo Elizabeth, são os caminhões gaiola, pelos quais o material é transportado sem ser amassado.
"A cidade está pagando caro por aterros, quando boa parte do lixo poderia ser reaproveitada", afirma Calderoni. Por mês, a Prefeitura paga R$ 48 milhões às concessionárias Ecourbis e Loga responsáveis pela coleta, transporte e destinação final do lixo. O valor inclui gastos com dois aterros particulares e a coleta seletiva.
Nas cooperativas, o lixo que chega nos caminhões compactadores leva muito mais tempo para ser separado. Segundo Luzia Maria Honorato, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), em média um cooperado consegue fazer a separação de 3 toneladas de lixo por mês. Sabetai diz que o ideal seria 10 toneladas. "A quantidade poderia ser muito maior se o material chegasse inteiro e menos compacto", conta Maria.
A Loga e a Ecourbis afirmaram, por meio de nota, que os compactadores são exigidos no contrato com a Prefeitura. A Secretaria de Serviços da Prefeitura afirma que agendará uma reunião para os próximos dias com as concessionárias Loga e Ecourbis para apurar os problemas na coleta seletiva.
Segundo a pasta, o serviço faz parte das obrigações contratuais das empresas. A data ainda não está definida. A administração municipal afirma nunca ter deixado de investir na coleta seletiva. Em 2005, apenas 56 distritos eram atendidos, hoje são 74. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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