quarta-feira, 8 de junho de 2011

Usina Verde depende de firma estrangeira

pesquise "queima de lixo" neste blog para saber mais sobre este tema, veja também neste link: http://cooperatiradentes.blogspot.com/2009/12/catadores-de-sao-paulo-repudiam.html

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC

O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), disse ontem que espera a participação de empresas do Exterior na construção da Usina Verde - por meio de Parceria Público-Privada -, projeto pioneiro no Brasil que vai concentrar em um mesmo local usina de incineração de lixo e produção de energia a partir desse processo. "Num primeiro momento, a tecnologia terá que vir de fora, pois não há nada do tipo no País", explicou o prefeito, durante lançamento do edital de licitação para escolha da empresa que vai operar o sistema.

A vencedora do certame, que será conhecida no fim deste ano, fará o manejo de todo o resíduo produzido na cidade, hoje de 700 toneladas por mês. Desse total, 45,8% são orgânicos e serão destinados à usina para geração de energia. "O processo é aprovado pela Organização das Nações Unidas como mecanismo de desenvolvimento limpo", destacou o secretário de Coordenação Governamental, Tarcísio Secoli, que visitou usinas de lixo em cidades da Alemanha e da França.
A implementação da usina, que funcionará em terreno de 30 mil metros quadrados onde antes era o lixão do Alvarenga, deve começar em 2012 e a estimativa de conclusão é o fim de 2015. Quando estiver em operação, vai gerar 30 megawatts de energia por hora, suficientes para abastecer uma cidade como Diadema. A Prefeitura pretende utilizar a energia na iluminação de ruas e prédios públicos.
Segundo Marinho, o sistema de usina que São Bernardo pretende implementar ajudará a acabar com os aterros sanitários. Hoje, São Bernardo gasta R$ 14 milhões por ano para enviar o lixo para o aterro Lara, em Mauá. "A combustão é ambientalmente correta, porque os gases produzidos são filtrados. O processo gera só 10% de resíduos, que podem ser reaproveitados na construção civil ou no recapeamento de ruas", comentou o prefeito.
empresa que ganhar a licitação também terá de descontaminar o terreno, que funcionou por dez anos como lixão. O custo estimado do processo é de R$ 20 milhões.
RECICLAGEM
O projeto a ser implementado em São Bernardo, chamado de Sistema Integrado de Manejo e Gestão de Resíduos, prevê também a implementação de coleta seletiva porta a porta, 600 pontos de entrega voluntária de material reciclável e seis centrais de triagem operadas por cooperativas.
A intenção é ampliar a partir do ano que vem o percentual de material reciclado, passando dos atuais 0,7% para 3%. "Até 2017, deveremos alcançar 10%", disse Marinho.
A Prefeitura irá fiscalizar a operação por meio de indicadores, metas e controle social. "A população poderá participar com pesquisas, e a empresa estará sujeita a punições caso não cumpra as metas", garantiu o prefeito. O projeto deverá custar entre R$ 450 milhões e R$ 600 milhões.

Edital para coleta e destinação afasta empresas, diz especialista
O edital aberto ontem pela Prefeitura de São Bernardo prevê a coleta e destinação do lixo produzido na cidade. Para o gerente de desenvolvimento de novas tecnologias da Enfil, empresa especializada em geração de energia por meio da combustão de resíduos, Renato Greco, juntar as duas especialidades no mesmo edital afasta interessados.
De acordo com Greco, o assunto foi debatido nas audiências públicas e várias interessadas optaram por não se inscrever no edital. "No nosso caso, temos uma tecnologia específica e só iremos concorrer se prestarmos serviço a um consórcio", avaliou.
O gerente concorda com o prefeito Luiz Marinho (PT) de que a tecnologia utilizada neste tipo de usina precisa ser importada. "Mas a tendência é que, no futuro, as cidades dependam cada vez menos dos aterros sanitários e tenham cada vez mais usinas incineradoras, como ocorre hoje na Europa", destacou.
Greco estima que há pelo menos 800 usinas verdes espalhadas pelo mundo, em países como França, Holanda, Espanha e Portugal. "É uma tecnologia que não exclui a reciclagem. Pelo contrário: elas caminham juntas nos países desenvolvidos, que hoje têm índices de reciclagem que chegam a cerca de 20%", afirmou.

Moradores da área esperam mudanças
A Prefeitura de São Bernardo removeu as cerca de 80 famílias que viviam na área do antigo lixão do Alvarenga no início deste ano. Os moradores do lado de Diadema, porém, continuam no local e deverão se tornar os vizinhos da Usina Verde, que começará a ser construída em 2012.
Essas famílias vivem em condições precárias, em meio a lixo e entulho espalhados pelas ruas de terra batida. No bairro, conhecido como Sítio Joaninha, água encanada e luz só chegam por meio de ligações irregulares feitas pelos moradores, que esperam que a instalação da usina mude a cara do lugar.
"Se trouxer urbanização para nós, vai valer a pena, mas essa promessa ouvimos tem muitos anos", disse a vendedora Giselene da Silva, 45 anos.
O catador Sebastião Marcos, 54, vive da reciclagem há pelo menos três décadas. Tirava o sustento do lixão, quando estava em operação. Desde que o equipamento fechou, há 20 anos, só faz bicos. "Seria bom ter algo fixo nessa usina. Mas será que vou estar vivo até lá?".

Nenhum comentário:

Postar um comentário