quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Cooperativa processa 180 toneladas de material reciclável por mês em cidade no interior de São Paulo

Administrada por uma cooperativa, a coleta seletiva de Assis,  a 450 quilômetros da capital paulista, chega a 85% do território urbano. A expectativa é alcançar toda a cidade até abril de 2011.


Com 90 mil habitantes, o município é considerado referência nacional no setor por ter feito a opção de buscar um meio de inclusão social e geração de trabalho e renda por meio do processamento de resíduos sólidos.


A atuação dos cooperados foi viabilizada a partir de um convênio com a prefeitura de Assis. A expansão da coleta seletiva domiciliar para 85% da cidade foi concluída somente nesta semana. Mensalmente, são triadas 240 toneladas de materiais coletados por integrantes da Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis de Assis (Coocassis). Desse montante, 180 passam por algum tipo de processamento, enquanto o restante é vendido in natura – como o papelão, por exemplo.


Para o presidente da Coocassis, Claudineis de Oliveira, quando a coleta dos materiais recicláveis é realizada junto ao lixo comum há grandes perdas. Ele explica que isso ocorre pelo contato entre o material reciclável com resíduos orgânicas e rejeitos que contaminam os produtos, tornando-os inadequados para a comercialização. É o que ocorre na capital, por exemplo, onde a coleta seletiva não tem grande abrangência.


Em Assis, pelo menos 13% do material é encontrado em meio ao lixo comum, nos locais em que a coleta seletiva ainda não foi implantada. Nas demais regiões, onde há a atuação dos cooperados junto aos domicílios, a mistura com o lixo orgânico cai para 1%, reduzindo, dessa forma, o índice de desperdício.


O material coletado em maior quantidade é o papelão, seguido do plástico. Este, porém, promove retorno financeiro maior. Enquanto o primeiro é vendido por R$ 0,28, o segundo pode ser comercializado a R$ 0,80 por quilo.


Mesmo com os avanços já obtidos, algumas adequações ainda estão sendo realizadas pela cooperativa para o acompanhamento sistematizado da coleta dos materiais, bem como a aquisição de mais equipamentos e caminhões para o transporte dos materiais coletados e também processados. A construção de um centro de processamento com abrangência regional está em fase de conclusão. A expectativa é que isso resulte em maior acúmulo de materiais para a venda e processamento do plástico e outros materiais, agregando mais valor aos produtos.


Benefícios ao município


A cooperativa foi formada em 2001, a partir da união entre a Cáritas, organização ligada à Igreja Católica, e o Núcleo de Incubadora de Cooperativas, projeto de extensão da Universidade Estadual Paulista (Unesp). O Núcleo é responsável pelo suporte, capacitação e orientação dos membros do empreendimento.


A implantação da Coocassis, que visa especificamente à atuação dos seus integrantes na coleta dos materiais recicláveis, alterou o cenário de problemas ambientais que a cidade registrava. Até 2003, por exemplo, todo lixo produzido pela população da cidade era jogado diretamente no aterro sanitário municipal.


Naquele ano, a cooperativa se estabeleceu formalmente e propôs uma parceria com o município para a atuação junto ao Parque de Reciclagem e Compostagem de Resíduos Sólidos. Inicialmente, a separação do material era realizada somente na esteira de seleção, em meio ao lixo orgânico, já que ainda não havia coleta seletiva domiciliar, o que seria implantado somente em 2005.


Da mesma forma, benefícios sociais foram alcançados, como a garantia de trabalho e renda para 140 cooperados, que atualmente compõem a cooperativa. No programa de coleta seletiva, a cidade é dividida em cinco setores, com a visita domiciliar sendo realizada uma vez por semana em cada região.


A coordenadora da esteira de triagem de materiais recicláveis, Noemia Virgínia Vitor, se emociona ao dizer que a partir do trabalho que realiza na cooperativa, conseguiu comprar a sua casa, onde mora com três filhas, três genros e sete netos. “Depois que entrei na cooperativa mudou tudo. Antes eu vendia saco de lixo pelas ruas. Às vezes conseguia só R$ 2 em um dia. Com a cooperativa mudou a forma como nós atuamos e a maneira como as pessoas nos vêem, entre vários outros benefícios.”

Fonte: Vanessa Zandonade, especial para a Rede Brasil Atual

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