sexta-feira, 5 de novembro de 2010

USP capacitará catadores de recicláveis para este mercado crescente


Lixo eletrônico

USP capacitará catadores de recicláveis para este mercado crescente

04/11/2010 - 09:09

Das ruas para os bancos da Universidade de São Paulo. Uma parceria entre o Laboratório de Sustentabilidade em Tecnologia de Informação e Comunicação (LASSU), da Escola Politécnica, o Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (Cedir), do Centro de Computação Eletrônica (CCE), e o Instituto GEA-Ética e Meio Ambiente (organização não-governamental que trabalha com reciclagem, coleta seletiva e formação de cooperativas de catadores), vai capacitar catadores de materiais recicláveis para recolher resíduos de informática, possibilitando aumento da renda para essas pessoas, além de ajudar a preservar o meio ambiente. 
O projeto liderado por eles, intitulado Segurança, Renda e Coleta de Lixo Eletrônico, foi um dos 113 contemplados pelo Programa Petrobras Desenvolvimento e Cidadania 2010, entre 5.183 propostas inscritas.
A ideia é aumentar a renda dos catadores de materiais recicláveis da Capital e de municípios da região metropolitana (Diadema, Guarulhos, Mauá, Ribeirão Pires, São Bernardo do Campo e São Paulo), além de evitar que peças de informática sejam descartadas em locais inadequados, prejudicando a natureza. Para isso, os catadores receberão treinamento para selecionar peças de informática que tenham valor agregado.
“A ideia é ensinar aos catadores os cuidados que devem ser tomados ao recolher resíduos de informática como microcomputadores, impressoras, monitores e celulares”, conta a professora Tereza Cristina Carvalho, assessora de projetos especiais da Coordenadoria de Tecnologia da Informação (CTI) da USP.
Ela explica que muitas vezes os catadores descartam da reciclagem componentes de microcomputadores, como placas, por exemplo, porque não sabem como tratar o material para que ele tenha valor comercial. “Essa placa pode então acabar em um lixão, e isso é bastante problemático, pois muitos desses materiais são poluentes”, destaca.
Ana Maria Domingues Luz, presidente do Instituto GEA, vai mais longe: “Atualmente, quando os catadores recebem um microcomputador, a peça é considerada como sucata, pois eles não têm o conhecimento necessário para separar as peças com valor agregado”, diz.
O projeto vai capacitar catadores de materiais recicláveis que trabalham em locais apropriados, fazem parte de alguma cooperativa ou de algum grupo organizado.
A previsão é que os treinamentos tenham duração de 30 dias para cada turma, sendo a parte teórica realizada no LASSU (em cerca de cinco dias) e o restante no Cedir, aproveitando a estrutura do lugar.
Deve-se treinar 10 catadores por vez e também abrir a possibilidade de vagas como ouvintes para representantes de ONGs ou associações, no treinamento teórico. Haverá 18 turmas com o objetivo de atender o maior número possível de cooperativas da capital e outros municípios vizinhos.
O projeto prevê ainda a concessão de auxílio refeição e transporte para o deslocamento dos catadores até a Cidade Universitária. A duração prevista é de 2 anos e a meta é treinar, durante este período, 180 pessoas.“Após o treinamento, esses profissionais irão levar o conhecimento adquirido para núcleos distribuídos pelos municípios da região metropolitana, ampliando o alcance da iniciativa.
O próximo passo do projeto é definir, juntamente com os professores do LASSU/Cedir, qual será o programa de aula e a metodologia de ensino. A professora Tereza Cristina lembra que a maioria dos catadores tem baixa escolaridade. “Essa condição vai exigir o uso de recursos alternativos, como imagens, para explicar conceitos básicos de eletrônica”.
Já Ana Maria conta que vai se reunir com as entidades representativas de catadores e com cooperativas para definir a lista de participantes dos cursos. O contrato deverá ser assinado com a Petrobras em dezembro e as aulas estão previstas para ter início em abril de 2011. Serão investidos cerca de R$ 800 mil (para um período de dois anos).

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