Concessionária de lixo de SP cria sua primeira central de triagem
Presidente da Loga diz que pedido foi da Prefeitura. Defensoria Pública entrou na Justiça com ação para aumentar coleta.
Carolina Iskandarian - Do G1 SP
Coleta seletiva do lixo em SP é considerada deficiente (Foto: Arquivo/ G1)
A Logística Ambiental de São Paulo (Loga), uma das duas concessionárias responsáveis pela coleta do lixo no município de São Paulo, diz estar antecipando a criação de sua primeira central de triagem para selecionar o material que pode ser reaproveitado. De acordo com o presidente da empresa, essa foi uma determinação da Prefeitura por causa da "carência" no setor. A unidade, que será administrada exclusivamente pela concessionária, deve entrar em funcionamento em aproximadamente um mês.
“Recebemos ordem para acelerar alguns processos, como abrir mais espaço para a coleta seletiva”, afirmou Luiz Gonzaga. "Há uma carência nos processos dessas cooperativas. Estamos conversando há 15 dias ", continuou ele, sobre o contato feito com a Prefeitura.
“Estamos nos preparando para manipular mil toneladas por mês. O contrato previa a obrigação de criar cinco centrais de triagem de 1 mil metros quadrados cada uma”, completou Gonzaga. De acordo com ele, no entanto, o espaço só deveria ser entregue a partir do novo ano de concessão e a empresa está chegando ao sétimo.
“Como tem uma demanda maior, a Prefeitura determinou que as concessionárias também façam a triagem desse material que é vendido depois”, explicou Gonzaga.
Na capital, onde são produzidas 17 mil toneladas de lixo por dia (10 mil de lixo domiciliar e 7 mil de lixo hospitalar e de poda de árvore, por exemplo), segundo dados da Secretaria de Serviços, apenas 18 centrais de triagem têm convênio com a administração municipal.
Uma delas só separa o chamado lixo eletrônico, como peças de computador. Nas restantes, o trabalho é de selecionar vidro, papelão, alumínio, plástico, entre outros materiais que possam ser vendidos a empresas ou indústrias.
Gonzaga explicou que a nova central funcionará em caráter temporário em um aterro que foi fechado na Rodovia dos Bandeirantes. Depois de três anos, passará a ser administrada por uma cooperativa.
A assessoria de imprensa da Prefeitura informou não saber sobre o suposto pedido feito à Loga para que antecipasse a criação das centrais de triagem, como informou Luiz Gonzaga.
A Ecourbis, outra concessionária que recolhe o lixo da cidade, também foi procurada durante a semana para comentar sobre a expansão das centrais de triagem e como isso seria feito. No entanto, a assessoria de imprensa da empresa informou na sexta-feira (13) que não havia representante para dar entrevista.
Processo na Justiça
Dizendo-se preocupada com as questões ambiental e social, a Defensoria Pública de São Paulo e entidades ligadas ao assunto entraram com uma ação civil pública contra a Prefeitura para a criação de mais centrais de triagem. A sentença, da 3ª Vara de Fazenda Pública, saiu em abril deste ano e determina “a implementação progressiva da coleta seletiva em todo o município no prazo de 12 meses”.
Dizendo-se preocupada com as questões ambiental e social, a Defensoria Pública de São Paulo e entidades ligadas ao assunto entraram com uma ação civil pública contra a Prefeitura para a criação de mais centrais de triagem. A sentença, da 3ª Vara de Fazenda Pública, saiu em abril deste ano e determina “a implementação progressiva da coleta seletiva em todo o município no prazo de 12 meses”.
Para isso, a Prefeitura, de acordo com a sentença, deve abrir licitação para contratar cooperativas que trabalham nessas centrais ou estender os contratos vigentes, além de fornecer os equipamentos para os cooperados. Em sua decisão, o juiz Luis Fernando Vidal afirmou: "Não é difícil ver que o ritmo de expansão do programa é insuficiente".
“Nosso principal objetivo é expandir a coleta seletiva de forma articulada com as cooperativas de catadores. A ação é para propor essa inserção social e diminuir o impacto ambiental”, afirmou o defensor público Carlos Loureiro. Ele condenou o uso dos caminhões chamados compactadores para recolher esse tipo de material. Neste veículo, o lixo é prensado para suportar mais volume. "O compactador destrói toda a boa vontade de quem separa o lixo. Vai tudo por água abaixo."
Procurada, a Prefeitura informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que existe um plano para, nos próximos meses (não foi definido o prazo), fazer convênio com mais seis cooperativas. Disse ainda não saber se essa expansão tem a ver com a ação civil pública.
Esperança
A catadora Guiomar Conceição dos Santos, de 46 anos, vê na sentença do juiz Luis Fernando Vidal a chance de ter a cooperativa onde trabalha conveniada com a Prefeitura. “Precisamos de um lugar. Hoje, somos 42 catadores, mas só 12 conseguem trabalhar porque o espaço é pequeno”, afirmou ela, que trabalha em uma cooperativa no Jabaquara, Zona Sul da capital.
A catadora Guiomar Conceição dos Santos, de 46 anos, vê na sentença do juiz Luis Fernando Vidal a chance de ter a cooperativa onde trabalha conveniada com a Prefeitura. “Precisamos de um lugar. Hoje, somos 42 catadores, mas só 12 conseguem trabalhar porque o espaço é pequeno”, afirmou ela, que trabalha em uma cooperativa no Jabaquara, Zona Sul da capital.
Guiomar também faz parte do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável.
“A coleta seletiva em São Paulo ainda está bastante deficiente. Nossa maior reivindicação é que a Prefeitura nos dê condições de fazer um trabalho com mais qualidade, cedendo um espaço”, contou Guiomar, que calcula ganhar, em média, R$ 500 por mês catando lixo. Para percorrer as ruas do bairro, ela e os outros cooperados usam uma Saveiro.
“A coleta seletiva em São Paulo ainda está bastante deficiente. Nossa maior reivindicação é que a Prefeitura nos dê condições de fazer um trabalho com mais qualidade, cedendo um espaço”, contou Guiomar, que calcula ganhar, em média, R$ 500 por mês catando lixo. Para percorrer as ruas do bairro, ela e os outros cooperados usam uma Saveiro.
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