terça-feira, 25 de agosto de 2009

Reciclagem de entulho para geração de empregos

No Brasil, 160 mil toneladas de entulho são geradas todos os dias. Segundo
dados da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos
(Abetre), apenas a metade dessa quantidade é coletada pelas prefeituras.
Um problema que fica ainda maior quando se descobre o destino desse
material: aterros. Um impacto ambiental de grandes proporções que preocupa
engenheiros especializados em meio ambiente. A solução, para eles, deve
ser a reciclagem do material, que pode gerar emprego e renda para muitos
brasileiros.

Em Brasília, o professor engenheiro civil Paulo Celso Gomes, da UnB,
desenvolve uma pesquisa sobre a reciclagem do entulho. Ele estima que, nos
lixões das grandes cidades, até 70% dos resíduos sejam de obras da
construção civil. Desse total, até 80% poderia ser reciclado. “O entulho
reciclado pode ser utilizado como brita em obras de leito e subleito, base
e sub-base em pavimentação. Outro uso é o do cimento reciclado em
aplicações não estruturais”, informa Gomes.

A equipe do professor já treinou seis cooperativas de catadores de lixo da
região do Distrito Federal para operar uma usina de reciclagem. A planta
pode empregar 14 pessoas em um turno de 4 horas de trabalho.

Comercialmente, ainda há dificuldades no processo. O material que chega
aos lixões já foi explorado por outros catadores, que retiram as partes
mais valiosas. Isso diminui o valor comercial do entulho na hora da
reciclagem.

“Mesmo assim, o trabalho de quem recicla o entulho deve ser valorizado,
sob a forma de pagamento, pois o governo diminui os custos de operação dos
lixões. Por isso, acho que a reciclagem de entulho é capaz de fazer uma
inclusão socioambiental” , argumenta Gomes.

A Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos reconhece
que o reaproveitamento de resíduos da construção civil ainda é pouco
significativo, e só poderá crescer à medida que se desenvolva um grande
mercado de utilização segura do entulho reciclado.

DF poderá usar entulho reciclado em obras públicas
No Distrito Federal, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) retira das ruas 110
mil toneladas de entulho todos os meses. Quantidade que impressiona quando
comparada ao lixo comercial e residencial que é coletado (58 mil
toneladas).

A diretora-geral do SLU, Fátima Có, informa que os responsáveis pelo
descarte ilegal na capital do Brasil são os carroceiros (20%) e as
próprias empresas coletoras (10%).
Para diminuir o problema, a companhia planeja e promete construir 107
Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) para a coleta de entulho. “Cada ponto
terá caixas para receber o entulho da população. Cada pessoa poderá enviar
até 1 metro cúbico de entulho por viagem. Nesse material, não será
permitido nada orgânico. Quem tiver materiais especiais, como tintas,
lâmpadas e isopor, também poderá depositar nos PEVs”, declara Fátima.

Os primeiros PEVs já estão em construção e devem ficar prontos até
dezembro, em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília. Cerca de 40 já
obtiveram licenciamento ambiental e regularização perante a empresa de
ordenamento territorial.

Todo o material recolhido será levado para áreas de transbordo e triagem
pública, onde empresas e cooperativas poderão fazer a reciclagem do
material. A diretora do SLU informa que já existe articulação para editar
uma lei distrital que obrigue a substituição de até 15% do cascalho e da
brita em obras públicas por entulho reciclado.

Ibama e prefeituras devem fiscalizar o descarte
O Ibama fiscaliza junto com as prefeituras as atividades de descarte de
entulho. Segundo o chefe da Divisão de Fiscalização de Poluição e
Degradação Ambiental do órgão, José Aníbal Batista, dos componentes do
entulho, o que causa maior impacto no meio ambiente é o cimento.

Situação comum nas grandes cidades, o descarte de entulho em locais
protegidos, como parques ecológicos, por exemplo, é crime. “O Ibama atua
multando quem comete essa irregularidade, mas também é importante que as
prefeituras sejam mais rigorosas na coibição desses crimes ambientais”,
diz Batista.

Segundo o chefe da divisão, o Ibama não possui pesquisa sobre as
quantidade de multas expedidas por causa de depósito irregular de entulho,
mas o instituto contratará novos funcionários para tratar mais
especificamente dessa questão.

Saiba mais:
Resolução 307 de 2002 do Conama – normatiza o descarte de entulho
Dica: diversas prefeituras possuem serviço de remoção gratuita de entulho.
Verifique junto ao serviço de limpeza de sua cidade.

Thiago Tibúrcio
Assessoria de Comunicação do Confea
http://www.confea.org.br


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