dados da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos
(Abetre), apenas a metade dessa quantidade é coletada pelas prefeituras.
Um problema que fica ainda maior quando se descobre o destino desse
material: aterros. Um impacto ambiental de grandes proporções que preocupa
engenheiros especializados em meio ambiente. A solução, para eles, deve
ser a reciclagem do material, que pode gerar emprego e renda para muitos
brasileiros.
Em Brasília, o professor engenheiro civil Paulo Celso Gomes, da UnB,
desenvolve uma pesquisa sobre a reciclagem do entulho. Ele estima que, nos
lixões das grandes cidades, até 70% dos resíduos sejam de obras da
construção civil. Desse total, até 80% poderia ser reciclado. “O entulho
reciclado pode ser utilizado como brita em obras de leito e subleito, base
e sub-base
aplicações não estruturais”, informa Gomes.
A equipe do professor já treinou seis cooperativas de catadores de lixo da
região do Distrito Federal para operar uma usina de reciclagem. A planta
pode empregar 14 pessoas em um turno de 4 horas de trabalho.
Comercialmente, ainda há dificuldades no processo. O material que chega
aos lixões já foi explorado por outros catadores, que retiram as partes
mais valiosas. Isso diminui o valor comercial do entulho na hora da
reciclagem.
“Mesmo assim, o trabalho de quem recicla o entulho deve ser valorizado,
sob a forma de pagamento, pois o governo diminui os custos de operação dos
lixões. Por isso, acho que a reciclagem de entulho é capaz de fazer uma
inclusão socioambiental” , argumenta Gomes.
A Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos reconhece
que o reaproveitamento de resíduos da construção civil ainda é pouco
significativo, e só poderá crescer à medida que se desenvolva um grande
mercado de utilização segura do entulho reciclado.
DF poderá usar entulho reciclado em obras públicas
No Distrito Federal, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) retira das ruas 110
mil toneladas de entulho todos os meses. Quantidade que impressiona quando
comparada ao lixo comercial e residencial que é coletado (58 mil
toneladas).
A diretora-geral do SLU, Fátima Có, informa que os responsáveis pelo
descarte ilegal na capital do Brasil são os carroceiros (20%) e as
próprias empresas coletoras (10%).
Para diminuir o problema, a companhia planeja e promete construir 107
Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) para a coleta de entulho. “Cada ponto
terá caixas para receber o entulho da população. Cada pessoa poderá enviar
até
permitido nada orgânico. Quem tiver materiais especiais, como tintas,
lâmpadas e isopor, também poderá depositar nos PEVs”, declara Fátima.
Os primeiros PEVs já estão em construção e devem ficar prontos até
dezembro, em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília. Cerca de 40 já
obtiveram licenciamento ambiental e regularização perante a empresa de
ordenamento territorial.
Todo o material recolhido será levado para áreas de transbordo e triagem
pública, onde empresas e cooperativas poderão fazer a reciclagem do
material. A diretora do SLU informa que já existe articulação para editar
uma lei distrital que obrigue a substituição de até 15% do cascalho e da
brita em obras públicas por entulho reciclado.
Ibama e prefeituras devem fiscalizar o descarte
O Ibama fiscaliza junto com as prefeituras as atividades de descarte de
entulho. Segundo o chefe da Divisão de Fiscalização de Poluição e
Degradação Ambiental do órgão, José Aníbal Batista, dos componentes do
entulho, o que causa maior impacto no meio ambiente é o cimento.
Situação comum nas grandes cidades, o descarte de entulho em locais
protegidos, como parques ecológicos, por exemplo, é crime. “O Ibama atua
multando quem comete essa irregularidade, mas também é importante que as
prefeituras sejam mais rigorosas na coibição desses crimes ambientais”,
diz Batista.
Segundo o chefe da divisão, o Ibama não possui pesquisa sobre as
quantidade de multas expedidas por causa de depósito irregular de entulho,
mas o instituto contratará novos funcionários para tratar mais
especificamente dessa questão.
Saiba mais:
Resolução 307 de 2002 do Conama – normatiza o descarte de entulho
Dica: diversas prefeituras possuem serviço de remoção gratuita de entulho.
Verifique junto ao serviço de limpeza de sua cidade.
Thiago Tibúrcio
Assessoria de Comunicação do Confea
http://www.confea.org.br
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